Mercado para analistas de mídias sociais continua promissor
Nos últimos anos da faculdade, concluída em 2012, ouvi os primeiros murmúrios sobre um novo nicho de mercado que crescia rapidamente: profissionais das mídias sociais. Fato que já vinha sendo observado pelos mais atentos à dinâmica online, sobretudo pela nova geração de estudantes de jornalismo, ou pelos colegas de marketing e publicidade.
Dali para o mercado de trabalho me dei conta que aquele campo, pra mim ainda com um futuro promissor, se fazia presente no mercado há alguns anos. Agências e empresas já consumiam esse, até então, considerado novo profissional. Em 2010, a Deloitte do Brasil avaliou a maturidade do mercado brasileiro para o "boom das mídias sociais" e constatou que, há cinco anos, 70% das empresas pesquisadas (a análise não indica o número total) já utilizavam e/ou monitoravam mídias sociais. Mesmo aqueles que ainda não usufruíam desse canal de comunicação, 86% pretendiam investir no segmento dentro de, no máximo, 3 anos.
Redes sociais como fontes de reclamações
O monitoramento foi se tornando essencial para a manutenção da imagem de empresas conforme consumidores percebiam um canal de comunicação mais eficaz e responsiva. Cada vez mais consumidores insatisfeitos aproveitavam a visibilidade da internet e das redes sociais para expor ao mundo a chateação com a marca e/ou produto adquirido. Enquanto isso, profissionais de agências digitais visionavam o mercado e trabalhavam para mostrar a importância do monitoramento das redes sociais a seus clientes. Paralelamente, executivos temiam uma possível repercussão rápida de comentários negativos sobre a marca nas redes sociais.O mercado se expandia.
Para a agência de comunicação paulista Media Target, o monitoramento das mídias sociais é fundamental para o faturamento da empresa. "Hoje ainda impera a análise por marca produto e setor de atuação. Outros tipos de projetos e análises são mais pontuais e dependem de caso a caso", relata o diretor da agência, Marcos Faria. As redes sociais e os perfis online das empresas passaram a ser uma espécie de SAC. Porém, além de se tornarem um canal de comunicação entre consumidor e fornecedor, elas também passaram a ser um grande teto de vidro para a concorrência. Mais um alerta aos executivos mais atrasados.
Em 2013, o monitoramento das redes sociais já representava 10% do faturamento das agências digitais, de acordo com o 5º Censo Digital realizado pela Abradi. "Hoje, o trabalho com redes sociais tem crescido mais de dois dígitos ao ano e tem se tornado a tendência dentro de clientes que também realizam outros trabalhos de análise, como o de mídia convencional e publicidades", conta Faria. Não é a toa que políticos e partidos perceberam a necessidade de investir nesse profissional, como vimos durante as últimas eleições.
Perfil do profissional de mídias sociais
Com a crescente demanda também aumenta o espaço para esses profissionais dentro das agências digitais. A Trampos em parceria com a Alma Beta realizou, no ano passado, uma pesquisa para levantar um "raio x dos profissionais de mídias sociais". De 1037 entrevistados, um quarto (26%) atua em agências digitais ou especializadas em mídias sociais. Na Media Target, dos 22 colaboradores, 12 são analistas de mídias sociais.
Apesar do aparente "oba oba" do mercado, a capacitação é essencial para o sucesso do profissional. Em uma antiga entrevista cedida ao jornal carioca O Globo, o publicitário Eduardo Barbato ressaltou que "não basta ser um nativo de web" para ser um bom analista. O conhecimento em marketing é essencial para efetuar um bom trabalho. A alta escolaridade desses profissionais também se destaca na pesquisa da Trampos e da Alma Beta: 43% fizeram algum tipo de treinamento, curso ou workshop especializado.
"O trabalho é segmentado e depende da rotina do cliente e do contrato realizado. Em suma, o profissional ao chegar revisa os posts publicados no dia anterior até sua chegada e gera alertas de negatividade se assim necessitar ou relatórios diários."
Marcos Faria, Media TargetA utilização de ferramentas digitais de marketing são essenciais no cotidiano das agências.O Brandviewer é umas das seis ferramentas utilizadas pela Media Target no cotidiano da agência. Apesar de a tecnologia estar a favor desses profissionais, a análise é imprescindível para alcançar os resultados esperados pelo cliente. Reuniões e mais reuniões fazem parte dessa rotina até a conclusão do contrato. Mensurar, avaliar e criar estratégias são ações básicas de um analista no dia a dia de serviço.
Apesar do boom dos últimos anos e o surgimento de diversas empresas focadas em marketing digital, o mercado continua promissor. O relatório 2015 State of Marketing, divulgado pela Salesforce no último mês, mostra que 38% dos profissionais de marketing planejam transferir o budget da publicidade tradicional para os canais digitais. No topo das áreas que devem receber mais investimentos estão: publicidade de mídia social, social media marketing e engajamento de mídia social. A internet e as redes sociais não param de se reinventar, dessa forma, os profissionais desse ramo precisam acompanhar o ritmo das mudanças online. Atualizado, não faltará oportunidade para esse profissional nos próximos anos.
Sobre o Monitoramento de Mídias Sociais
O Brandviewer, uma ferramenta profissional para monitoramento de mídias sociais. Com ele é possível descobrir o que falam da sua marca, quem são os seus defensores e agressores, entender as necessidades dos seus clientes, verificar como está a sua presença digital, fazer CRM Social, interagir com o seu público, estudar seus concorrentes, aprender com o seu mercado e obter insights para melhorar o seu negócio. O monitoramento de mídias sociais pode e deve ser utilizado por marcas,empresas, instituições, autarquias, políticos e celebridades.
O consultor de carreira Renato Waberski, da Thomas Case, afirma que as empresas perceberam a importância das redes sociais para seus negócios, e estão em busca de profissionais qualificados para monitorar, criar estratégias e gerar conteúdos em sites como Facebook, Google+, Twitter, entre outros.
"Percebo que todas as empresas mais atualizadas e agressivas querem formar equipes de mídias sociais. Um gerente [experiente, graduado e com curso de especialização] ganha entre R$ 10 a R$ 15 mil, enquanto um analista [graduado e com curso de especialização] pode ganhar até R$ 6 mil", comenta Waberski.
Apesar da atividade parecer simples, especialmente aos jovens familiarizados com as redes sociais, o consultor explica que os empregadores querem pessoas com diversas competências. Não basta ter perfil ativo nas redes e gostar de internet. A lista de competências é extensa.
O coordenador do curso de mídias sociais da Faap, Eric Messa, lembra alguns requisitos essenciais: conhecer a teoria da comunicação, o processo de comunicação nas redes, o comportamento do consumidor, saber gerenciar crises, dominar a cultura digital, ter criatividade, espírito de liderança, bom texto e falar inglês. Também é preciso saber coletar dados das redes e analisar as informações compiladas.
"O BI (Business Inteligence) deve ganhar destaque neste ano. A ferramenta monitora tudo o que é falado nas redes para prever tendências e criar estratégias de comunicações efetivas", diz Messa. "Domínio do Inside Facebook, Google Analytics e outras ferramentas são essenciais. Porém, mais que isso, as companhias precisam de pessoas que saibam criar planos de ação", completou.
A formação do profissional passeia entre publicidade, jornalismo, marketing e relações públicas, mas não há restrição de curso. Os recrutadores, no entanto, dão preferência aos candidatos que possuem base teórica em comunicação.
Algumas universidades já enxergaram oportunidades nesta área e estão oferecendo pós-graduação e extensão em mídias sociais. Os cursos variam entre R$ 500 e R$ 2 mil.
Dica
Certifique-se de quantificar o impacto das redes sociais durante sua última experiência profissional. Seu currículo ou carta de apresentação devem fornecer dados específicos sobre sua participação nesses sites, como aumento de tráfego de usuário, comentários e compartilhamentos.